Escoliose: Diagnóstico, tratamento e cirurgia

Escoliose: Diagnóstico, tratamento e cirurgia

O que é a escoliose?

Em termos simples, a escoliose é descrita como curvatura lateral da coluna >10° com um componente rotacional das vértebras. A escoliose idiopática é uma deformidade 3D que pode envolver um ou mais segmentos da coluna vertebral toracolumbral. A patologia é atribuída a diferentes subgrupos com base na idade do paciente no início, gravidade e etiologia da doença e tipo de curva. A escoliose idiopática é subcategorizada da seguinte forma:

– escoliose infantil (0 a 3 anos de idade);
– escoliose juvenil (4 a 10 anos);
– escoliose adolescente (11 a 18 anos);
– escoliose em adultos (idade > 18 anos).

A escoliose adulta é definida como uma deformidade da coluna vertebral em um paciente com o esqueleto completamente formado e definido, com um ângulo de Cobb de mais de 10° no plano coronal. Estima-se uma prevalência anual de escoliose idopática adolescente de 0,47% – 5,2%, com relação mulher/homem de 1,5:1 a 3:1, aumentando com a idade. Em 2009, o custo total do tratamento da EIA foi estimada em US $ 514 milhões.
O problema clínico mais frequente observado na escoliose em adultos é a dor nas costas. O segundo sintoma da escoliose degenerativa em adultos é a dor radicular quando em pé e os sintomas de claudicação quando caminhando. A terceira apresentação clínica importante pode se manifestar como um déficit neurológico. O quarto sintoma ou sinal relevante é a progressão da curva da escoliose. A progressão da curva pode ser um problema a partir do momento em que a curva começa em idade mais jovem, podendo só se tornar relevante quando a curva atingir uma certa quantidade de graus e/ou quando o colapso assimétrico osteoporótico puder contribuir de forma relevante para a curva.

Tratamentos

As opções de tratamento não cirúrgico da escoliose idiopática consistem basicamente de medicação anti-inflamatória não esteróide, relaxantes musculares, medicação para dor, exercícios musculares, natação e, ocasionalmente, tração suave, evitando manipulações e ativação física que possam promover o aumento da dor.
Um colete de suporte bem ajustado para suportar a área dolorida da coluna pode ser necessário, e seu objetivo é evitar a necessidade de cirurgia limitando a progressão da curva. Muitas curvas escolióticas < 20° podem ser observadas e acompanhadas com radiografias seriadas ou exames clínicos em intervalos de 6 meses até a maturidade esquelética.

O tratamento cirúrgico específico para cada um desses sinais ou sintomas apresentados por pacientes acometidos com a escoliose idiopática pode variar, dependendo do contexto em que se encontram os pacientes e os níveis a serem tratados cirurgicamente. Essa decisão cirúrgica também é influenciada pela saúde geral do paciente, idade e condição da qualidade óssea.

De um modo geral, a maioria das decisões de tratamento clínico na EI é feita com base na magnitude e progressão da curva vertebral, assumindo que, se a curva piorar, o paciente desenvolverá problemas futuros, como dor, o aumento do risco de mortalidade precoce, aumentando a deformidade e os efeitos psicossociais negativos. Ao longo da vida dos pacientes, a magnitude da curva espinhal geralmente aumenta. As indicações relativas para cirurgia em pacientes com EI são curvas > 45° – 50° ou curvas de rápida progressão.

Cirurgia

Os objetivos da cirurgia são corrigir a deformidade e estabilizar a curva da coluna vertebral, geralmente com instrumentação. As técnicas de fixação de haste e parafuso pedicular representam a base das abordagens, com abordagens anteriores para algumas curvas toracolombares ou liberações anteriores reservadas para deformidades graves. A fusão espinhal anterior é tipicamente indicada para pacientes esqueleticamente imaturos para deter o crescimento vertebral, reduzir o número de corpos vertebrais incluídos na construção de fusão e aumentar a flexibilidade para a correção de curvas rígidas. 

Preocupações têm surgido sobre a incidência e as conseqüências do mau posicionamento dos parafusos nas áreas torácica e lombossacra. Taxas significativas de extravasamento de parafuso e danos permanentes na raiz nervosa foram documentadas. A tomografia computadorizada (TC) geralmente é usada para avaliar as posições dos parafusos, mas o uso de raios-X já foi documentado como um risco tanto para o paciente quanto para a equipe cirúrgica.

Como mencionado anteriormente no blog da CPMH, a inserção errônea de parafusos pediculares pode ter consequências sérias para o paciente. Dados mostram que, pelo menos, 15% dos parafusos ficam inseridos de forma inapropriada. Alguns estudos apontam que até 26% dos parafusos ficam mal posicionados dependendo da técnica utilizada (como a técnica de mãos livres). Em cirurgias de escoliose, mais especificamente, esses dados são de 11%.

Novas soluções

Dessa forma, novas soluções foram desenvolvidas para auxiliar o posicionamento dos parafusos nos pedículos, garantindo maior segurança para o paciente, menor tempo cirúrgico, menos chances de complicações pós-operatórias e menor exposição da equipe cirúrgica à ação nociva da radiação.

A primeira dessas soluções é a ferramenta de diagnóstico e Análise Tridimensional da Anatomia (ATAc) do paciente, por meio de tomografia computadorizada. Muito mais eficiente que raio-x, as análises tridimensionais oferecem ao médico imagens muito mais completas sobre o caso clínico, tornando mais fácil a tomada de decisão sobre a cirurgia; facilitando o planejamento cirúrgico e a comunicação entre médico e paciente acerca do caso.

Utilizando os recursos de escaneamento e impressão 3D, o planejamento da inserção dos parafusos pediculares é feito, e um dispositivo cirúrgico de inserção com o tamanho, grau de inclinação e orientação caudal-cranial ou cranial-caudal é impresso em 3D, permitindo que a cirurgia seja mais rápida, menos doses de radiação sejam utilizadas e que parafusos fiquem bem posicionados, sem extravasar os corpos pediculares.

A utilização de Dispositivos Cirúrgicos para inserção de parafusos é uma realidade no mundo, e, segundo dados apresentados, atinge um nível de até 91% de sucesso quando em comparação aos outros métodos e, mesmo quando há o extravasamento dos parafusos pediculares, os níveis (2mm-4mm) apresentados pelos dispositivos auxiliares de perfuração são menores quando em comparação às outras técnicas.

Resultados de precisão em um estudo com 50 pacientes, nos quais todos os parafusos pediculares foram instalados com auxílio dos dispositivos auxiliares de perfuração feitos em planejamento cirúrgico virtal pré-operatório, mostraram-se estatisticamente melhores que os resultados para um grupo controle de 100 pacientes instrumentados com uma técnica convencional usando fluoroscopia biplanar. Dos 294 parafusos instalados com auxílio de computador de T2 a S1, apenas 16 parafusos (5%) foram indevidamente posicionados, mas nenhum paciente teve que passar por uma reoperação. Em contrapartida, 15% dos 544 parafusos instalados com a técnica convencional (mãos-livres) de T5 a S1 foram considerados indevidamente posicionados. Destes parafusos perdidos, 15 (3%) foram encontrados em um intervalo de erro maior que 2 mm.

Conclusão

Em resumo, a escoliose diagnosticada precocemente pode ser resolvida com uma série de tratamentos minimamente invasivos até que haja a estabilização saudável da situação. Quando há a necessidade de cirurgia, devido muito ao avanço na tecnologia 3D, novas soluções tornam o procedimento cada vez mais seguro para o cirurgião e paciente. É muito importante que haja conscientização de governo, órgãos e sociedade civil para que todos estes cuidados e inovações sejam informações acessíveis, com foco na saúde e reabilitação de todos.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
JADA, Ajit et al. Evaluation and management of adolescent idiopathic scoliosis: a review. 
Neurosurgical focus, v. 43, n. 4, p. E2, 2017. AEBI, Max. The adult scoliosis. European spine journal, v. 14, n. 10, p. 925-948, 2005. WEINSTEIN, Stuart L. et al. Adolescent idiopathic scoliosis. The Lancet, v. 371, n. 9623, p. 1527-1537, 2008.AMIOT, Louis-Philippe et al. Comparative results between conventional and computer-assisted pedicle screw 

Saiba mais informações

    Open chat
    1
    Olá!
    Como podemos te ajudar?